São Romão, Coimbra

Em Coimbra temos o curioso caso de uma propriedade que mesmo bastante degradada continua a ser usada para fins agrícolas:

Para o efeito foram construídas novas coberturas e novas barracas nas ruínas das antigas construções:

A capela foi recuperada nos anos 90 por iniciativa popular.

Um canal, com cerca de 30 metros, poderá ter origem romana, segundo arqueólogos que lá trabalharam.

Castelo de Castelo Branco

O castelo de Castelo Branco domina a colina sob a qual foi construída a povoação:

No entanto, tudo isto não passa de mais uma recriação montada pela DGEMN nos anos 30 do século passado. Este monumento teve um percurso bastante agitado durante o século XIX e inícios do XX (dados do site monumentos.pt):

Estado do castelo em meados do século XVIII, com o paço quinhentista e a sua torre no extremo direito.

1753, Outubro - a antiga alcáçova ainda se encontrava em óptimo estado de conservação, conforme descrição da mesma;

1807 - invasão de Junot, na marcha para Lisboa, deixando o castelo bastante arruinado; 1818 - no Tombo dos Bens do Concelho, é efectuada uma medição das muralhas;

1821 - começavam a ser retiradas pedras do Castelo e do Paço pelos habitantes para construção das suas habitações; 

1839, 9 Março - nova Portaria autoriza que fosse vendida parte das pedras das paredes do Castelo e telha e madeira do palácio; 

20 Março - portaria permite a venda das telhas e dos madeiramentos; 

19, 2.ª metade - pela acção do governador-civil Guilhermino de Barros, algumas muralhas foram reconstruídas, bem como algumas estruturas do palácio; 

1875 / 1876 - início das obras no palácio, para adaptação a casa do professor da escola que se achava anexa, que não se concluiriam; 

Vista para o castelo no início do século XX. Vêem-se três corpos distintos, sendo o central o paço quinhentista e o que resta da sua torre, e à direita duas torres que posteriormente desabaram.

1930 - desaba a última torre da muralha que já se apresentava em ruína; 

1936, Março - uma tempestada provocou a derrocada da torre existente no ângulo E. / N.; 

1936 - é solicitada à DGEMN um vistoria ao local e inicia-se o projecto de recuperação, como miradouro; simultaneamente, a Câmara solicitou um projecto de reconstrução ao engenheiro Manuel Tavares dos Santos, mas a falta de recursos tornou o projecto inviável.

Planta atual.

Montar o puzzle com as fotografias do SIPA foi ainda mais complicado desta vez. Antes da reconstrução, existiam as ruínas do palácio quinhentista e uma torre do castelo do lado direito, que posteriormente desabou.

A DGEMN decidiu demolir integralmente o que restava do paço e a parte superior do que restava da torre, reconstruindo-a e construindo uma calçada elevada em toda a muralha.

A reconstrução da muralha fez-se em diferentes fases e estilos:

E pronto, acabaram os posts sobre o passeio que dei de 24 a 26 de agosto. Ainda deu para me entreter um mês.

Jardim do Paço, Castelo Branco

O Jardim do Paço é um interessante exemplo da arquitetura barroca, no entanto, é interessante notar que desse tempo (1786) só restam as estátuas e os elementos de cantaria, tendo a vegetação sido alterada ao sabor dos tempos.

Originalmente, os repuxos eram alimentados por este tanque, a uma cota superior e graças à qual e a uma eficiente canalização eram conseguidos efeitos engenhosos.

De entre as muitas figuras representadas deixo aqui esta, que é comum aos construtores do jardim e um dia aos seus visitantes. Fica a obra.

Mãe, Madi e Lídia, como sabem, foi hoje o encontro do Amigos da Fortaleza de Peniche, ao qual, dos 658 membros no Facebook, apareceram duas pessoas, mais quatro da família. Como tal, o importante é que vocês as três leiam este blog, e o resto vir cá ou não vir cá é totalmente indiferente. E o mais importante ainda é irmos aos sítios que aqui aparecem. Tirarmos partido do estranho fenómeno que é existirmos fora da internet e perceber que isso é o que vale a pena. Os likes são uma mera linha de código.

Fátima, Nossa Senhora de

O Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima encontra-se por estes dias em obras, devido à construção de um novo palco para os artistas que atuam regularmente neste recinto.

Não pode também passar despercebida a Capelinha das Aparições, onde apareceu Nossa Senhora de Fátima, que, com o seu espírito empreendedor, veio dar vida a este espaço que antes não tinha nada de interesse.

A mais recente adição a este centro comercial da religião é a Basílica da Santíssima Trindade, cujos bancos são forrados por baixo, sendo este curioso caso outro mistério de Fátima.

Desta nova basílica faz também parte aquilo que possivelmente foi concebido para ser uma estação de metro, mas rapidamente convertido num sucedâneo de salas para oração, missas, e o que estiver a dar dinheiro.

Em maior escala está Cristo pregado na cruz. Quando um dia uma civilização extraterrestre nos visitar e vir tantas representações do seu martírio vai ficar convencida que odiávamos mesmo o gajo.

E assim foi o post sobre Fátima. Não quero que sirva para provocar ninguém, só o fiz mesmo por gozo pessoal.

Capela de São Sebastião, Ourém

A Capela de São Sebastião é um dos mais espetaculares edíficios em ruínas que já visitei, e ao qual as fotos que tirei não fazem justiça. Só não proponho aos leitores que o visitem por si próprios porque a Lídia já lá foi (depois de quinze minutos a convencê-la a passar pela fossa debaixo da rede) e a minha mãe e a minha madrinha provavelmente não iam apreciar o contacto físico da rede metálica a raspar na roupa.

Esta capela está abandonada desde que os franceses a incendiaram, há mais de 200 anos. É extraordinário que ainda esteja em pé passado tanto tempo, e não tenha sido demolida para aproveitamento da pedra como acontece com a generalidade das ruínas. Deve-se ao simbolismo que apesar de tudo este outrora local sagrado conservou nas comunidades mais próximas.

A igreja começou recentemente a ser recuperada pela autarquia, sendo até agora efetuadas importantes obras estruturais, como a remoção de vegetação, preenchimento de buracos nas paredes e reparação das abóbodas. Mesmo que nos próximos anos não haja financiamento para a adaptação do edifício para outros fins, a estrutura está consolidada.

Infelizmente, como a população não tem a perceção da importância destas obras, muitas vezes elas não são realizadas até ocorrer derrocada parcial do monumento, sendo nessa altura o custo muito mais elevado.

Paço dos Condes de Ourém

O Paço dos Condes de Ourém foi edificado entre 1436 e 1455, sendo o seu estilo de influência veneziana e reflexo do período de transição entre os castelos medievais e os palácios do renascimento. Compreende três corpos principais: o corpo residencial e dois torrões.

 Vale a pena dedicar-me afincadamente a destruir um mito, perpetuado pelo professor José Hermano Saraiva, que só esteve mais errado do que isto quando mandou os estudantes de Coimbra ir lutar para o Ultramar.

Aos 19:10 minutos do vídeo diz o professor que "nunca ninguém fez nada por isto". Mas a verdade é que entre 1936 e 1952 muito foi feito. É melhor ficar com as imagens do SIPA, porque valem por si e eu também não percebo muito do assunto.