terça-feira, 19 de abril de 2016

Paço de Monte Real


O Paço de Monte Real é mais um monumento sobre o qual sobra muito para especular e pouco em concreto. Segundo o site monumentos.pt:

1300, 4 agosto - a Rainha Santa Isabel, Senhora de Leiria e dos seus termos, manda construir os Paços de Monte Real (conjectural); 
João de Almeida no Roteiros dos Monumentos Militares Portugueses, atribui uma outra finalidade ao edifício (Paço). Seria um castelo medieval reconstruído por D. Dinis sobre um castro lusitano, local escolhido atendendo à estratégica posição que ocupa sobre o vale do Lis. Essa reconstrução, adianta o mesmo autor, dataria de 1291.



1605 - a Capela da Rainha Santa é mandada construir pelo bispo de Leiria, D. Martim Afonso Mexia, dentro das ruínas dos Paços Reais, para impedir que D. Miguel de Meneses, duque de Caminha, ali construísse um palácio;


É interessante esta antiga noção de proteção do património. O paço merece estar preservado não pela sua importância histórica, mas por se acreditar ter lá vivido uma figura, a Rainha Santa Isabel, à qual o povo tem devoção, pelo que grande parte do paço é convertido numa espécie de santuário.

1899 - restauro das paredes dos Paços Reais por orientação de R.X. da Silva, que pode ter resultado numa alteração completa das feições das ruínas;



Mais uma vez, o monumento é salvo (e ao mesmo tempo prejudicado) por uma ideia de património diferente da nossa, pelo que em vez de se conservar o edifício que efetivamente existiu, é alterado tendo em conta a imagem clássica que temos de um castelo.

1950, 12 agosto - pedido do conservador de classificação como Monumento Nacional dos Reais Paços. 
1951, 13 abril - a Direcção dos Serviços dos Monumentos Nacionais, informa que as ruínas não possuem qualquer interesse que motive a sua classificação. O restauro efectuado no séc. 19 pode ter resultado numa alteração completa da feição das ruínas, sendo lícito admitir que o que hoje se nos apresenta nenhumas semelhanças tenha com as ruínas que até à data existiriam;

O edifício que hoje existe é resultado da visão, religiosa e lendária, com que interpretamos o nosso passado. Como qualquer boa mentira, tem um fundo de verdade.


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