quinta-feira, 30 de julho de 2015

Louriçal, concelho de Pombal

Pois é, tal está o nível deste blog que este post é mesmo consagrado ao Louriçal, uma vila que é conhecida por... esqueci-me.
De qualquer forma, com algum esforço conseguimos ver motivos de interesse nesse bocado de terra, como por exemplo esta antiga fábrica (o ex-libris do sítio):





Impressionante. Mas para ser honesto há mais para ver no Louriçal, já que a inexistência de água canalizada até recentemente (associada ao anacronismo das condições de higiene neste remoto sítio) obrigou à manutenção de um aqueduto do início do século XVIII.








Tal como se vê na última fotografia, este aqueduto serve o Convento do Louriçal, ainda no ativo, que tem no seu interior algo verdadeiramente pitoresco. Graças ao altruísmo das mães do Louriçal, que querem impedir os seus rebentos de crescer num sítio tão mórbido como esta terra, conta este lugar com uma roda dos enjeitados, onde os pequenos são depositados para que com sorte sejam prevenidos de qualquer contacto com a terra natal.


Outro atributo estranho num mosteiro, que costuma ser uma edificação com pouca comunicação com o exterior, é esta porta, através da qual as freiras garantem uma estadia prolongada nos Hospitais da Universidade de Coimbra, que mesmo que efémera, as livra por algum tempo do contacto com o Louriçal e seu povo.


PS: Este post continuava por aí fora, mas uma habitante local achou que até aqui foi tudo muito fidedigno, mas o texto que se seguia não era de bom gosto. E entre ela e a crítica honesta e desinteressada, ela. Acaba aqui. Estás contente assim?

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Oeste - possíveis viagens

Descobri o site de um indivíduo que fez um percurso pelo Oeste, pelo que é um guia para próximas viagens.
Sendo a minha terra no Oeste, já tomei como naturais algumas características específicas desta região, no entanto, é possível caracterizá-la. A malha urbana é pouco densa, e as construções são baixas. Não há muito trabalho de pedra. As paredes são geralmente caiadas ou pintadas com cores claras. As cores predominantes são o azul do céu e do mar (só vale a pena passear no Oeste com bom tempo) e o verde dos campos (mesmo no Verão). Os monumentos (sobretudo igrejas) são abundantes, mas pobres e recentes (devido à parca idade das povoações, resultantes de migrações a partir do final do século XIX).
Posto isto, no site há destinos que eu ainda gostava de visitar:








domingo, 12 de julho de 2015

Chega de brincadeiras

Há pouco tempo o meu carro foi para abate (já deveria ter ido há um par de anos). Não tenho pena, sobretudo por não estar a pé. De qualquer forma, foi com este carro que passei aquele que foi o melhor período da minha vida. Durante o ano e meio que o conduzi, entrei na reta final do curso, fiz a tese e comecei a trabalhar. E também tive as melhores férias, numa road trip pela costa vicentina, tive o melhor cortejo em Coimbra, ao levar nada menos que um sofá, e dei os primeiros passeios com a minha namorada.
Isso é tudo meu, e o carro foi para fazer latas.

O meu pai e o meu irmão:



Na road trip:




No cortejo da Latada:




A minha mãe e a minha prima depois de ter rebentado a correia de distribuição (e antes da mudança do motor, que foi o negócio mais ruinoso que já presenciei):


Reparações caseiras:




 A substituição:


E o próximo tem muitos quilómetros pela frente. Feitos de forma ligeiramente mais responsável.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Roteiro quinhentista de Condeixa-a-Nova

Começa este roteiro na Quinta de São Tomé, que estava ao abandono até há dois anos atrás.[1]


 [2]

Hoje alberga um museu sobre Conímbriga (foi a função para a qual arranjaram financiamento, e se funcionou, então foi uma boa aposta) e ainda mantém traçados originais da sua edificação no início do século XVI.



Estes últimos arcos eram por onde entrava um canal de água que no interior do edifício ia mover uma azenha. [3] No centro de Condeixa (não sei em que período data) dei com outra construção com a mesma morfologia:


Este é um esquema genérico da instalação:

 [4]

Por fim (lamento a pouca extensão deste roteiro, mas Condeixa-a-Nova não é propriamente Belém), ficamos com a casa dos colunas, que conjuga vários elementos manuelinos (arcos no rés do chão e colunas no 1º. andar) e vai ser reconstruída daqui a alguns anos. Há referências à data de construção como sendo no século XVI  [5] e outras em 1632  [6], mas vamos incluí-la neste roteiro quinhentista porque eu mando.


A imagem atual não é muito enternecedora, especialmente se comparada com uma um pouco mais antiga:

[7]

No entanto, as colunas foram removidas em 2005 por a casa ameaçar ruir, e parte dela foi já cimentada. Eu sei que o material mais adequado é a cal hidráulica, por o cimento portland corroer a pedra, mas isto são trabalhos de emergência feitos por técnicos não especializados em restauro que se destinam a manter o edifício em pé até uma intervenção mais profunda.
E pronto, acho que já explorei o suficiente do concelho de Condeixa por esta semana. De certeza que um dia quando voltar aqui muita coisa estará melhor. (que chatice, eu gosto é de ruínas...)


Fontes; 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7

Roteiro romano de Conímbriga (não passando por Conímbriga)

No post de hoje não há lugar para clichés e por isso vamos fazer um percurso pela romanização de Conímbriga e evitar por tudo entrar nesse famoso destino turístico. Começamos pelo Castellum de Alcabideque, situado na pacata aldeia de... Alcabideque.


Alcabideque é um nome arabizado em que o reconhecível prefixo al- obscurece uma raiz latina - caput aquae - significando, literalmente, "mãe-d'água". Identificando, por conseguinte, a nascente de água ali existente, este topónimo regista a circunstância que tornou Alcabideque num local tão importante em tempos romanos e pela qual é conhecido ainda, nos dias de hoje. [1]



Construído no séc. I d. C., o aqueduto ter-se-á inserido no projecto de urbanização desenvolvido na época de Augusto, tendo funcionado, já em plena época de Cláudio, como esgoto, que terá antecedido a construção de duas cisternas. [2]



Situado em zona agrícola, a água era captada por uma represa e respectiva torre - denominado castellum - de planta rectangular. De câmara inferior com abóbada de canhão, o extradorso apresenta-se em arco abatido de características tipicamente romanas.


Depois de desenvolvido sobre um paredão, o aqueduto retomava o seu andamento subterrâneo, finalizando por desembocar nas termas localizadas a Sul das ruínas de Conímbriga.


Há 50 anos, antes de ser escavado e vedado, era assim o interior do Castellum (desprovido da ligação original à água):

[3]


Vamos continuar o nosso roteiro romano de Conímbriga não por Conímbriga mas sim por Condeixa-a-Velha, onde debaixo desta pacata rua:


Se esconde um dos mais imponentes edifícios romanos em Portugal - o anfiteatro de Conímbriga:


[4]

Foi indentificado somente em 1971 [5] (apesar de três das suas entradas estarem parcialmente acima do nível do solo) e vai ser escavado e integrado no circuito museológico de Conímbriga (e ser o ex-libris) nos próximos anos. [6]




O telemóvel não perdoou o avançar da tarde, por isso foi a reportagem possível. Melhor é se eu deixar a foto que meti no Facebook há uns tempos e mereceu o like do Dr. Guilherme Cardoso, um dos maiores especialistas em romanos neste país.


E acabamos na Quinta de São Tomé (onde está um museu dedicado a tudo isto e muito mais), não porque tenhamos intenção de a visitar, mas sim para fazer a ligação com o próximo post, dedicado ao roteiro quinhentista de Condeixa-a-Nova, e desta vez passando mesmo por Condeixa-a-Nova.



Fonte 1, 2, 3, 4, 5, 6