Desde de finais do séc. XVIII, até a construção do Balneário em 1885, os doentes tomavam banho em poças que abriam no terreno pantanoso.
Lopes (1892) descreve-as: “Caldas da Amieira, a pouco metros do apeadeiro de caminho-de-ferro […] tem um pequeno número de fogos, capela e o estabelecimento explorador das águas […] As nascentes aparecem na vertente de uma montanha, à beira de uma enorme planície, atravessada a norte pelo Rio Pranto […] São em número de três, comunicando entre si no espaço em que estão captadas, dão em 24 horas um caudal de 3.891.888 litros […]. A abundância deste manancial permite que as águas sejam aproveitadas para o estabelecimento balnear; para a grande exportação que é feita para todo o Portugal e África, e ainda para lagos cascatas e regas, etc.
Estas águas, que foram as primeiras no nosso país classificadas como cloretadas, e que pela sua composição e excelente forma de captagem têm merecido prémios em todas as exposições a que tem concorrido, apresentam na origem 20º de temperatura. São porém, cuidadosamente aquecidas por uma máquina a vapor, a fim de sem alteração da sal virtude curativa e da sua constituição poderem ser usadas nos banhos medicinais.
Descreveu depois os balneários: “ Várias classes de banhos com 19 tinas, piscina, e os mais modernos aparelhos para todo o género de duches…” Contava ainda com uma oficina de enchimento de garrafas que “exportava para diferentes pontos do país e para África”.
Sarzedas (1907) considerou-as das mais frequentadas do país, com uma média de 1200 a 1300 aquistas ano.
Sabemos pelos relatórios de Acciaiuoli das décadas de 30 e 40, que deixara de funcionar o hotel, hospedando-se os aquistas na Figueira da Foz. A sua frequência era cada vez menor, no ano de 1946 teve 338 inscrições das quais 76 foram gratuitas, a razão principal deste afastamento atribuía o autor à cultura do arroz nesta região palúdica.
No Anuário(1963) o balneário é classificado como modesto do tipo rural, quanto aos arrozais comenta: “A região está presentemente isenta de mosquitos devido á acção das brigadas anti-sezonáticas de Montemor-o-Velho”. Mas a decadências destas termas já era notória o parque e capela anexa encontravam-se “desprezados”.
À entrada existe um conjunto de bicas ainda muito utilizados atualmente para encher garrafões. Recentemente, foram adicionadas vigas metálicas para impedir o desabamento do teto.
Os edifícios à volta são os antigos balneários, onde os utentes tomavam os seus banhos. Hoje em dia o terreno está cheio de vegetação (sobretudo silvas), o que torna difícil o acesso.
No entanto, há dez anos o estado era bastante diferente, com o entulho de uma recente demolição à vista [fonte]:
Em todo o complexo, o único edifício que mantém cobertura (o dos balneários aparenta ter sido demolido e os restantes edifícios tinham teto em madeira e arderam) é o que deverá ter sido a casa das máquinas:
Do outro lado da linha do comboio, encontramos o hotel:
Este telheiro é um aproveitamento recente das ruínas:
Há alguns edifícios anexos, cuja função não é identificável:
A capela:
Há ainda uma guarita, como podemos ver neste emocionante vídeo, que nos apresenta alguns mistérios - o maior deles será eu ter filmado com a máquina fotográfica como se fosse um telemóvel:
Sem comentários:
Enviar um comentário