quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Tomar

O casario de Tomar merece a nossa atenção em virtude das suas cantarias trabalhadas:



Palmadinhas nas costas devem ser dadas nos dirigentes camarários, que resolveram cobrir as janelas emparedadas com fotografias antigas da cidade:



Mais relevância tem o que resta do Palácio dos Estaus, que é o único vestígio de uma estalagem medieval no país.


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O edifício dos Estaus foi mandado edificar pelo Infante D. Henrique no primeiro quartel do século XV na então rua principal de Tomar, estando a sua fundação directamente relacionada com a feira franca local. O objectivo destas "(...) edificações henriquinas era de proporcionar poiso aos feirantes que acorriam e a outros forasteiros, e ainda à criadagem dos Mestres da Ordem de Cristo e dos seus freires (...)" (FRANÇA, 1994, p. 92).
Sendo inicialmente administrados pela Ordem de Cristo, os Estaus passaram a ser arrendados no início do século XVI, sendo explorados pelos foreiros para habitação e comércio, e passando posteriormente para a alçada da Misericórdia (Idem, ibidem). Em meados do século XIX alguns dos seus alpendres eram ainda utilizados por ferradores, mas com o passar dos anos o que restava da hospedaria foi integrado na malha urbana da cidade.  2


Desta hospedaria medieval, que originalmente possuía dois corpos com arcadas que formava uma espécie de loggia , restam apenas alguns elementos estruturais, como os arcos ogivais de um dos edifícios dos Estaus que actualmente se encontram embebidos na caixa murário de um prédio.


Outros dois arcos quebrados, pertencentes ao segundo corpo do edifício, elevam-se isolados num jardim fronteiro. 


Em 1954 estes últimos arcos encontravam-se integrados em outras habitações, que foram demolidas em 1968, sendo os arcos reconstruídos (de um só restava o arranque).




E uma análise do traçado urbano deste bicho?


Tendo em conta que os vestígios apresentados se localizam no canto superior direito da imagem, separados pela Rua dos Arcos, podemos deduzir que os dois quarteirões separados por esta rua até à Travessa dos Arcos correspondem ao antigo Paço dos Estaus. Como na altura não tive a sensibilidade de percorrê-los à procura de mais indícios, fi-lo agora no Google Maps, onde, para além de muitas casas que apresentam duas portas no rés do chão e uma janela central no 1º. andar (possivelmente condicionadas pela fachada da antiga estalagem), existem à vista desarmada o que parecem ser os arranques de dois arcos, cada um num lado oposto da Rua dos Arcos.



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